sábado, 16 de agosto de 2008

ANDERY, Maria Amália et al.. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 7ª edição. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo: São Paulo: EDUC, 1996.

A atividade do animais, em relação à natureza, é biologicamente determinada. A sobrevivência da espécie se dá com base em sua adaptação ao meio. O animal limita-se à imediaticidade das situações, atuando de forma a permitir a sobrevivência de si próprio e a de sua prole; isso se repete, com mínimas alterações, em cada nova geração. 09

O homem também atua sobre a natureza em função e suas necessidades e o faz para sobreviver enquanto espécie. No entanto, diferentemente de outros animais, o homem não se limita à imediaticidade das situações com que se depara; ultrapassa limites, já que produz universalmente (para além de sua sobrevivência pessoal e de sua prole), não se restringindo à necessidades que se revelam no aqui e agora. 10

A atuação do homem diferencia-se da do animal porque, ao alterar a natureza adquire a marca da atividade humana. Ao mesmo tempo homem altera a si próprio por intermédio dessa interação; ele vai se construindo, vai se diferenciando cada vez mais das outras espécies animais. 10

... a ação humana, ao contrario da de outros animais, é intencional e planejada; em outras palavras, o homem sabe que sabe. 11

As relações de trabalho – a forma de dividi-lo, organizá-lo -, ao lado de nível técnico dos instrumentos de trabalho, dos meios disponíveis para a produção de bens materiais, compõem a base econômica de uma dada sociedade. 11

Marx e Engels afirmam:
A produção de idéias, de representações e de consciência está em primeiro lugar direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens; é a linguagem da vida real (...) não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência (pp. 25-26)
In: MARX, Karl e ENGELS, Friederich. A ideologia alemã I. Lisboa: Editorial presença. 1980.

Como uma das formas de conhecimento produzido pelo homem no decorrer de sua história, a ciência é determinada pelas necessidades materiais do homem em cada momento histórico, ao mesmo tempo em que nelas interfere. 13

A ciência caracteriza-se por ser a tentativa do homem entender e explicar racionalmente a natureza, buscando formular leis que, em última instância, permitam a atuação humana. 13

O método não é o único nem permanece exatamente o mesmo, porque reflete as condições históricas concretas (as necessidades, a organização social para satisfaze-las, o nível de desenvolvimento técnico, as idéias, os conhecimentos já produzidos) do momento histórico em que o conhecimento foi elaborado. 14

O método científico é historicamente determinado e só pode ser compreendido dessa forma. O método é o reflexo das nossas necessidades e possibilidades materiais, ao mesmo tempo em que nelas interfere. 15

O mito é uma narrativa que pretende explicar, por meio de forças ou seres considerados superiores aos humanos, a origem, seja de uma realidade completa como o cosmos, seja de partes dessa realidade; pretende também explicar efeitos provocados pela interferência desses seres ou forças. 20

Razão, logos – em seu sentido original – significa, por um lado, reunir e ligar e, por outro, calcular, medir; ambos relacionados ao pensar,uma atividade fundamental para o homem. 20

O conhecimento racional opõe-se ao místico, pois é um conhecimento sobre o qual se problematiza e não simplesmente se crê; um conhecimento no qual a explicação é demonstrada por meio da discussão, da exposição clara de argumentos e não apenas relatada oralmente, não é mero fruto de um sentimento coletivo; um conhecimento emque se busca explicar e não encontrar modelos exemplares da realidade; um conhecimento que possibilita um movimento crítico, que possibilita sua superação e a dos mitos, e não se propõe como acabado, fechado, capaz apenas de ser sucedido por conhecimento igual (como o mito que é sucedido por outros mitos); um conhecimento em que as explicações deixam de ser frutos da ação de seres sobrenaturais e divinos, que agem a despeito da próprio homem, para se tornarem explicações baseadas em mecanismos imanentes à natureza ou ao próprio homem em sua ação sobre a natureza, ou ainda às relações que se estabelecem entre os homens, explicações que possibilitam ao homem participar ativamente no governo de seu destino. 21

E, de fato, tudo o que se conhece tem número. Pois é impossível pensar ou conhecer algumas coisas sem aquele (Filolau).

Por convenção há a cor, por convenção há o doce, por convenção há o amargo, mas na realidade os átomos e vazio (Demócrito).

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