sábado, 16 de agosto de 2008

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 2ª edição. São Paulo: Cortez, Campinas (SP):

A década de 1980 presenciou, nos países de capitalismo avançado, profundas transformações no mundo do trabalho, nas suas formas de inserção da estrutura produtiva, nas formas de representação sindical e política. Foram tão intensas as modificações, que se pode mesmo afirmar que a classe-que-vive-do-trabalho sofreu a mais aguda crise deste século, que atingiu não só a sua materialidade, mas teve profundas repercussões na sua subjetividade e, no íntimo inter-relacionamento destes níveis, afetou a sua forma de ser. 15

Comecemos enumerando algumas das mudanças e transformações ocorridas nos anos 80. em uma década de grande salto tecnológico, a automação, a robótica e a microeletrônica invadiram o universo fabril, inserindo-se e desenvolvendo-se nas relações de trabalho e de produção do capital. 15

Iniciamos, reiterando que entendemos o fordismo fundamentalmente como a forma pela qual a indústria e o processo de trabalho consolidaram-se ao longo deste século, cujos elementos constitutivos básicos eram dados pela produção em massa, através do controle dos tempos e movimentos pelo cronômetro fordista e produção em série taylorista; pela existência do trabalho parcelar e pela fragmentação de funções... 17

O autor também mostra que a articulação entre descentralização produtiva e avanço tecnológico, na particularidade italiana – que oferece a base empírica da sua pesquisa – tem um claro sentido de combater a autonomia e coesão de setores do operariado italiano, a ponto de chegar mesmo a sugerir uma necessária reconsideração do papel do trabalhador coletivo de massa, tão forte na Itália dos anos 60/70. 20

Em seu entendimento, o núcleo essencial do fordismo manteve-se forte até pelo menos 1973, baseado numa produção em massa.... Porém, depois de aguda recessão instalada a partir de 1973, teve início um processo de transição no interior do processo de acumulação de capital. 20

Embora o autor afirme que as empresas baseadas no modelo fordista pudessem adotar as novas tecnologias e os emergentes processos de trabalho (aquilo que é muitas vezes dominado de neo-fordismo), reconhece, entretanto, que as pressões competitivas, bem como a luta pelo controle da força de trabalho, levaram ao nascimento de “formas industriais totalmente novas ou a integração do fordismo a toda uma rede de subcontratação e de deslocamento para dar maior flexibilidade diante do aumento de competição e dos riscos”. 25.

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