sábado, 16 de agosto de 2008

NAISBITT, John. Paradoxo global. Tradução: Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Campus; São Paulo: Publifolha, 1999.

Por isso, afirmo convictamente que o tratado de Maastricht, que procura transcender o comércio e unir politicamente os países – em direção a uma política externa e à defesa comuns, bem como uma moeda comum – , está fadado ao insucesso. 02

Maastricht não se tornará uma realidade pois está fora de sintonia com os nossos tempos. Não haverá união da Europa. Comércio livre sim. União, não. 03

As tendências mundiais apontam, predominantemente, para a independência política e o autogoverno, por um lado, e para a formação de alianças econômicas, por outro lado. 03

Quanto maior a economia mundial, mais poderosos são os seus protagonistas menores. 04

O empreendedor é, também, o protagonista mais importante na construção da economia global. Por isso, as empresas grandes estão descentralizando e reconstruindo a si mesmas como redes de empreendedores. 05

O princípio do paradoxo global – quanto maior a economia mundial, mas poderosos são os seus protagonistas menores – aplica-se especialmente aos negócios. Megaempresas como a IBM, a Philips e a GM, caso pretendam sobreviver, precisam se fragmentar em confederações de empresa pequenas, autônomas e empreendedoras. 05

Afirma Barnevik: “ não somos uma empresa global. Somos uma coleção de empresas locais com uma coordenação global intensa”. 07

A informação significa, realmente, poder e, conforme uma quantidade crescente de informações se torne disponível para o individuo através dos sistemas de telecomunicações, esses desfrutarão de mais poder que nunca. 10

Quanto maior e mais aberta se tornar a economia mundial, maior será o domínio das pequenas empresas e de porte médio. 11

As alianças estratégicas estão sendo criadas diariamente como parte do processo de transição para um mundo de mercado unificado, onde fica cada vez mais difícil distinguir a nacionalidade de um produto ou de uma empresa. 13

Uma das razões não-enunciadas do crescimento das alianças estratégicas é o fato de as empresas estarem evitando crescer. 13

O processo de formação de alianças, mais do que o processo de fusão e incorporação, significa que você se fortalece sem precisar crescer. 13

À medida que a economia global se amplia, as partes componentes se tornam menores. 15

Estamos tornando as unidades de negócios cada vez menores para que possamos globalizar mais eficientemente as nossas economias. 15

A democracia amplia e multiplica grandemente a assertividade das tribos, enquanto a repressão faz o universo. 17

O tribalismo é a crença na fidelidade ao próprio grupo, definido pela etnia, pelo idioma, pela cultura, pela religião ou, no final do século XX, pela profissão. E essa crença está florescendo. 17

Pense localmente, aja globalmente. 18

Quanto mais universais nos tornamos, mais tribalmente agimos. 20

Nós nos atemos ao nosso idioma ou à nossa moeda no mesmo tempo em que, ou porque, estamos nos tornando universais em tantos outros aspectos. 25

O declínio do Estado-nação está se tornando um fenômeno universal. Ao mesmo tempo em que testemunhamos a diminuição da importância do Estado-nação, paradoxalmente acompanhamos a criação de muito mais países. 25

Globalizamos a nossa preocupação com o meio ambiente. De fato, parece que a preocupação com a Guerra Fria está sendo substituída por uma preocupação global com a preservação do meio ambiente. 25-6

A globalização das viagens e de turismo vai de vento em popa. O turismo, o segundo setor globalizado, após os serviços financeiros, é e continuará sendo a maior indústria mundial. Atualmente um em cada nove trabalhadores deste planeta atua no setor de viagens e turismo. 26

As pessoas desejam coisas autenticamente norte-americanas. Os norte-americanos podem não saber quais são essas coisas, mas os demais parecem que sabem. 28

Apenas 10% dos países do mundo são etnicamente homogêneos. 33

A democracia está varrendo o mundo e o mundo está se familiarizando com ela através do sistema global de telecomunicações. 35

Os Estados Unidos se fragmentarão? Provavelmente não em um futuro próximo. Em comparação com os países europeus centralmente administrados, a federação dos Estados Unidos é bastante descentralizada, com a população dos estados e das grandes e pequenas cidades exercendo um alto grau de autogoverno. 36

A crise da liderança política testemunhada atualmente é a crise de um sistema inventado em outra época que se tornou irrelevante. 40

A idéia de que o governo central – um imenso maiinframe – é a parte mais importante da estrutura governamental está obsoleta. 40

Com a revolução eletrônica, tanto a democracia representativa como a economia da escala se tornaram obsoletas. Agora, todos podem desfrutar de uma democracia direta eficiente. 40

Estou sugerindo que o próximo estágio será uma democracia de livre mercado de idéias, uma democracia voltada para o consumidor, que resolva as questões diretamente, eliminando representantes. 41

Vivemos, em todo o mundo ocidental, uma “crise política” porque os líderes políticos deixaram de ser muito importantes. 42

Os políticos parecem impermeáveis à mudança. Eles não compreendem a globalização nem o trunfo do indivíduo. 43

Na democracia pós-representativa, as pessoas se representam a si próprias e, em última instância, todos se tornam políticos. 43

Esse cenário já está ocorrendo. Redes de computadores estão sendo criadas diariamente. A Internet é a maior do mundo. Originalmente criada pelo Pentágono, no final dos anos 70, ela foi estendida, em 1986, a outros órgãos governamentais nos Estados Unidos e em todo o mundo com fins comerciais e de pesquisa educacional. 44

Disse o poeta e crítico francês Paul Valéry: “A política é a arte de impedir as pessoas de participar de assuntos que, propriamente, lhes dizem respeito. 47

As telecomunicações fornecerão a infra-estrutura de que toda indústria e toda empresa necessitarão a fim de competir em um mercado realmente cosmopolita. 53

A tendência em direção às alianças nas telecomunicações não respeita as fronteiras nacionais. 72

No dogma marxista, as redes de telecomunicações não eram uma fonte de produção, mas um fardo para a economia, além do contratempo causado por um monte de pessoas conversando umas com as outras. 75

Na maioria dos países asiáticos, a estratégia é atender aos mercados locais pela fabricação de peças sob acordos de licença ou pela construção de sistemas inteiros. O derradeiro plano é criar um mercado de exportação para componentes para componentes, unidades inteiras ou sistemas inteiros. 78

Os computadores podem ser encontrados em quase todo lugar. Eles são eficientes e baratos. Hoje existem mais micro-processadores (computadores com um chip) na Terra do que pessoas e a sua capacidade de processar grandes volumes de informações continua se expandindo. 86

Como virtualmente todas as inovações que acabam se popularizando, as redes de dados emergiram de baixo para cima, e não de cima para baixo. 90

Chama-se linha de assinante digital assíncrona (ADSL) e utiliza o processamento de sinais digitais e circuitos eletrônicos para evitar imagens de vídeo comprimidas através de fiações normais de cobre. 92/3

De forma similar, o programa espacial patrocinado por John F. Kennedy não foi uma questão de colocar um homem na Lua, mas de criar tecnologias novas, de expandir os horizontes econômicos norte-americanos e de aceitar e enfrentar desafios que iriam ensinar novas formas de fazer as coisas. 95

Certamente, as tecnologias que emergiram do programa espacial foram muito bem aplicadas nas indústrias de telecomunicações. 95

A digitalização consumará o casamento entre a televisão, os computadores e os telefones, possibilitando a comunicação com qualquer um, em qualquer lugar e a qualquer hora. 98

Talvez o beneficio maior seja a liberdade pessoal. Em um mundo de telecomunicações digitais, os indivíduos serão livres para trabalhar em qualquer ponto do planeta onde desejem morar. Os computadores pessoais e os dispositivos de comunicação pessoais sem fio permitirão mantermos o contacto com o escritório onde quer que estejamos. 99

Na contribuição para a economia global, o turismo não tem rival. 116

Se o turismo de fato contribui de forma tão significativa para o bem-estar econômico mundial, surge a pergunta: porque o turismo tem recebido uma atenção tão pequena dos governantes e dos artífices dos acordos comerciais internacionais?... Inexiste uma resposta óbvia. Uma explicação é que o turismo é um indústria de múltiplos componentes, da qual muitas partes estão enextricavelmente associadas a outro setor econômico: as empresas de aviação ao transporte, as lojas de souvenirs, os stands de concessionárias e os restaurantes ao comércio varejista ou aos serviços e os hotéis e outras acomodações ao desenvolvimento comercial. 117

Tom Paine certa vez escreveu: ‘Meu país é o mundo. Meus concidadãos são toda a humanidade’. Atualmente, dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo procuram testar esse sentimento expresso pelo cidadão Paine no século XVIII... 137

Fotografias de mamãe, de papai e das crianças diante de um ônibus de turismo saíram de moda. O quente, agora, são fotografias de paisagens marinhas, de panoramas, de atrações naturais, da cultura local e de marcos históricos. Os viajantes experientes procuram satisfazer desejos específicos, em vez de tomar de assalto um país ou uma região e absorver o máximo possível o mais rapidamente possível. 139

O advento do turismo mundial, do comércio internacional e das comunicações globais instantâneas traz a ameaça da homogeneização global dos produtos, dos estilos de vida, da arquitetura, da alimentação e do lazer. Difunde-se o temor de que o mundo se “americanizará”, a medida que a Disney constrói parques de diversões na Europa, que os programas de televisão norte-americanos são transmitidos mundialmente... 144

Eis algumas vantagens do ecoturismo: o ecoturismo salva o habitat... o ecoturismo salva as florestas tropicais... o ecoturismo emprega pessoas... o ecoturismo é uma forma de arrecadar moeda estrangeira. 145-7

O turismo é uma indústria que se autoperpetua. 149

O turismo é a força que unificará realmente a aldeia global. Parcerias regionais já estão se formando em todo o mundo, em reconhecimento ao enorme potencial econômico do turismo e à necessidade de eliminação das barreiras ao crescimento. 160-1

O turismo é e continuará sendo a maior indústria do mundo. Por mais sofisticada que se torne a infra-estrutura das telecomunicações ou por maior que seja o número de atividades comerciais ou de lazer passíveis de ser realizadas no conforto de nossas salas de estar, a maioria de nós continuará se levantando de suas poltronas, pois não existe substituto para a experiência real. 165

A despeito do que os cínicos e os pessimistas nos querem fazer acreditar, a situação moral do mundo não está mais ou menos frágil do que outrora. A diferença entre a segunda metade do século XX, particularmente as duas últimas décadas, e todos os períodos anteriores da história é que, atualmente, quando os padrões éticos ou morais são feridos em qualquer lugar, todos ficam sabendo. 169

No século XXI, os cidadãos da comunidade global serão bem menos tolerantes com qualquer forma de injustiça percebida. Na área dos direitos humanos, essa afirmação está certamente se mostrando verdadeira. 177

De acordo com Michel Hoffman, diretor do Centro de Ética Empresarial do Bentley College de Waltham, Massachusetts, os diretores de ética “tendem a ser confessores, a consciência da empresa, fiscais e professores em uma pessoa só”. 191

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