domingo, 10 de agosto de 2008

BRÜGGER, Paulo. Educação ou adestramento ambiental? 2ª edição. Florianópolis (SC): Letras contemporâneas, 1999.


A questão ambiental tornou-se um importante foco de atenção e de modismos, sem precedentes históricos, sobretudo a partir da década de 1980. desde então, manchetes deste tipo permearam os jornais e noticiários de todo o mundo e os chamados desastres ecológicos e as previsões apocalípticas passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia. Isto é historicamente novo. Até a primeira metade do século XX e mesmo até meados dos anos 60, preocupações globais com a saúde da “espaçonave” Terra eram praticamente inexistentes. 13

Tais intervenções antrópicas têm se traduzido freqüentemente em problemas como extinção de espécies, mudanças climáticas, poluição, exaustão de recursos úteis a homem e outras questões que nos são hoje bastante familiares. 14

Há um panfleto do Greeenpeace, de julho de 1990, onde se lê: “against all odds”,em que se faz uma interessante síntese desta situação. Os 4,6 bilhões de anos são compactados em 46 anos e daí faz-se uma comparação com a jornada do Homo sapiens na Terra. Vejamos: até os primeiros 7 anos não se tem nenhuma informação sobre o planeta. Os longínquos e extintos dinossauros só teriam aparecido após decorridos 45 anos. Os mamíferos só teriam surgido há oito meses. No meio da última semana desses 46 anos apareceram os primatas; e o homem moderno só teria aparecido nas últimas quatro horas desse tempo. Durante a última hora, o homem descobriu a agricultura; e a Revolução Industrial só teria começado no último minuto. 14

O que isso suscita, de fato, é uma urgência em termos de respostas, uma urgência proporcional à rapidez das mudanças em curso, pois a crise chamada ambiental não é nada mais do que uma “leitura” da crise de nossa sociedade. 15

O ponto crucial é que a gestão de recursos naturais não é uma questão apenas técnica e, com isso, não pode ser isolada do contexto social e político. 22

O que precisamos, urgentemente, é de novos valores éticos em todos os setores de nossas vidas. A economia, por exemplo, tem a pretensão de ser uma ciência exata, pois é baseada na quantificação em termos de atributos monetários. É fácil perceber que nessas circunstancias ela é incapaz de lidar com a questão dos valores éticos. 23

A atual crise ambiental é portanto muito mais a crise de uma sociedade do que uma crise de gerenciamento da natureza, tour court. (expressão francesa que significa na sua totalidade, por si só). 25

Intimamente associadas a esse contexto de luta por uma hegemonia e das relações homem-natureza, encontram-se duas outras formas de ação e conscientização: o movimento ecológico e a chamada educação ambiental. 27

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